Iniciativa da OAB-PI causa mal-estar entre magistrados

O presidente da Associação dos Magistrados Piauienses (Amapi), Leonardo Trigueiro, declarou ontem que a entidade não aceitará exposição indevida dos juízes piauienses nem a deturpação de informações levantadas pela Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Piauí (OAB-PI), sobre a produtividade dos magistrados. "A OAB-PI é parceria em ações que visem à melhoria do Judiciário, mas não aceitaremos qualquer exposição indevida dos juízes", afirmou.
A declaração reflete o temor da Amapi com o lançamento do aplicativo OAB&Justiça, lançado anteontem pela OAB-PI como ferramenta para levantar os dados da produtividade dos magistrados e das comarcas piauienses, para que sejam disponibilizadas "de maneira clara e objetiva" para o cidadão. Para a Amapi, a iniciativa embute o risco de exposição indevida dos juízes e de deturpação do objetivo principal da ferramenta, que seria colaborar com a celeridade processual.
 Para Leonardo Trigueiro, não gera qualquer preocupação a criação de um novo canal de compartilhamento de informações públicas, cedidas pelo próprio Tribunal de Justiça do Piauí e também divulgadas pelo Conselho Nacional de Justiça. "Porém, a compilação de números absolutos para a formação de um ranking que não leva em consideração peculiaridades das unidades judiciárias, nem situações ocasionais, como férias e/ou afastamentos, pode causar distorções e a indevida exposição de juízes", alerta ele.
 "Temos matérias variadas, número desigual de servidores e equipamentos de trabalho diferenciados. No entanto, o ranking desse sistema mostra apenas números absolutos, sem a necessária divisão entre unidades afins (família, júri, juizados especiais, etc.), e sem qualquer preocupação mais aprofundada sobre a estrutura de trabalho e a realidade na qual a unidade judiciária está inserida", completa.
Para ele, o incremento na produtividade dos juízes exige comunhão de esforços de todos os segmentos do sistema judicial, "dentre os quais os próprios advogados, a partir do uso racional dos recursos e da estimulação da cultura da conciliação entre as partes".

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